Tudo começou com um espírito de "faça vc mesmo". Quando um exército de moleques sonhadores ocupam um espaço vazio no centro de Serrana em 2005, preenchendo-o de música, arte e muito trabalho. Um sentimento de bairro. Caipiras libertários. Fanzine, música, futebol, ativismo e ação direta no tal "parquim" (que tem o nome "oficial" de Centro de Cultura e Ativismo Caipira - CECAC). Tem que vir pra cá pra entender.
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sexta-feira, 30 de julho de 2010
Caipiro Rock 2010
O CECAC foi criado em 2005, numa espécie de explosão de intusiasmo. Prioridades ao nível da rua. Moleques que tiravam notas baixas na escola, saiam de casa sob a desconfiança de seus pais e gastavam seu tempo gerindo um espaço autônomo de cultura própria. Ninguém pode entender os sentimentos que acompanham esses moleques de Serrana sem antes ficar ombro a ombro com eles sob o holofote do sol. Me epermita registrar mais um fragmento disso tudo.
Durante seis anos o CECAC tem aulas de música voluntária. Os meninos e meninas aprendem a tocar bateria, guitarra, violão, viola caipira e contra-baixo. E num esquema orgânico, aprendem um pouquinho pra ensinar um pouquinho outros guris. Uma das canções prediletas tanto nas aulas quanto nos mutirões de trabalho no Parquim é "Amigos" da banda Flicts. A ponto de ter sido escolhida como a música de fechamento de uma edição do Caipiro Rock. Como em outros anos, todos subiram no palco e se entre olhavam em estado de felicidade (quem ainda acha que é adulto se dopar pra saber o que significa "estar feliz de verdade" nunca sentirão isso). Depois do golpe de 2008 (faremos um post detalhando essa história), foi como se estivéssemos aguardando um troféu que nunca voltaria para nossas mãos. Então, naqueles dias nada era mais importante. Nem a organização de um evento (lá se foi o bamdo de produtores do Caipiro), pois todos queriam sentir aqueles momentos. E quando o Flits se despediu, foi convocado pela torcida serranense a voltar e dar seu pontapé final com a canção "Amigos". Eles voltaram e cantaram, e de repente estavam todos lá, se entre olhando, se abraçando e chorando. Juro que não estou acrescentando uma linha a mais do que de fato aconteceu. Quem viu viu, quem sentiu lembrou dos primeiros passos em direção ao parquinho, quando os amigos decidiram encarar aquela ocupação com muito sorriso no rosto no lugar do ódio.